Quem é Chico Mendes? Será apresentador de TV? Quem é José Lutzemberg? Quem é Dorothy Stang? Será a menina do Mágico de Oz? Quem são Hilda Zimmermann, Giselda Castro e Magda Renner? Uma delas é dona de uma grande rede de lojas de departamentos ou será dona de uma fábrica de tintas? A lista de ambientalistas que se tornaram personalidades planetárias é grande. Impossível, quem é da área, não conhecer a maioria delas. Estranho é o desconhecimento total. Mais estranho ainda é o ministro do Meio Ambiente do atual governo desconhecer Chico Mendes, um ícone na defesa da floresta e da Amazônia. O ministro revela-se cada dia mais um estranho no ninho. Indicado por "critérios técnicos" que, a cada nova manifestação, tornam-se mais inconsistentes. A indicação é resultado da orquestração com Ministério da Agricultura para enfraquecer a área ambiental e a própria legislação. A escolha teve um claro e cristalino critério: fortalecer o agronegócio e a mineração no seu modelo mais perverso, mais desigual e mais devastador. Quem é Ricardo Salles? Advogado, em 2017, quando era secretário do governo Alckmin foi denunciado por ter alterado, a pedido da Fiesp, o plano de manejo da APA da Várzea do Tietê, favorecendo as mineradoras (Revista Época, 15/2/2019).
A mesma reportagem relembra que o ministro considera "aquecimento global um tema acadêmico e que será um problema daqui a 500 anos". Na biografia de Salles faltam ações em prol da causa ambiental, por isso, torna-se mais estranha sua indicação. O governo Bolsonaro fez questão de afirmar que as escolhas não levaram em conta a ideologia política. Na minha modesta opinião, quem não tem ideologia está no limbo. Não existe neutralidade quando defendemos uma causa.
Na Inglaterra, crianças e adolescentes fizeram uma grande e barulhenta manifestação em frente ao Parlamento - Jovens Pelo Clima - para exigir ações que, segundo eles, não estão sendo suficientes para proteger o seu futuro, frente às crescentes ameaças das mudanças climáticas. Ao me emocionar com a atitude fiquei mais assustada, pois esta preocupação no Brasil está cada vez mais distante, comprovável pelas manifestações dos dirigentes máximos que consideram estas ameaças "pirotecnia ambiental". Brumadinho, em MG, e a imensa mortandade de abelhas no RS comprovam os prejuízos sociais, ambientais e econômicos das gambiarras do setor industrial e do descontrole e flexibilização no uso de agrotóxicos.
O solo e a água estão sendo envenenados pelo grande uso de produtos tóxicos que geram imensos passivos, em sua maioria escondidos sob o tapete. A fragilização da legislação, da fiscalização e das políticas que protegem o meio ambiente e a vida não decretam apenas a extinção de espécies e de recursos naturais. Decretam a inexistência de futuro. Aquecimento global não se resolve com ar-condicionado. Escassez de água não se resolve com caminhão pipa ou água mineral. Cada dia perdido é menos um dia de expectativa de vida para a geração futura, nossos filhos e nossos netos.